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Prótese de silicone causa câncer?

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Cresce no Brasil o número de cirurgias plásticas com implante de silicone, tanto com fins estéticos como reconstrutoras. Com isso, voltou-se a debater se a colocação de prótese de silicone causa câncer ou pode dificultar o diagnóstico da doença. Pois apresentamos aqui o que se sabe a respeito da relação entre silicone e o surgimento de tumores.

O crescimento no número de próteses de silicone

O censo de 2018 publicado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) mostra que houve um aumento de crescimento de 25,2% nas cirurgias estéticas e 9,3% nas intervenções reparadoras (aquelas que corrigem alguma lesão) entre 2014 e 2018.

Na categoria dos procedimentos estéticos, o implante de silicone aparece em primeiro lugar das mais procuradas. Já nas reconstrutoras, a prótese de silicone aparece em terceiro lugar, atrás da correção de câncer de pele e da retirada do excesso de pele após cirurgia bariátrica.

 

“Doutor, prótese de silicone causa câncer?”

Essa pergunta surgiu no consultório em 2017, devido a uma notícia publicada em 2017 pelo jornal The New York Times. Na reportagem, médicos americanos alertavam para o aparecimento de uma forma rara de câncer associado ao uso de implante/prótese de silicone. A doença pode aparecer igualmente nos casos de cirurgia estética ou nos casos de reconstrução mamária pós-mastectomia.

Trata-se do linfoma anaplásico de grandes células associado ao implante mamário (BIA-ALCL– da sigla em inglês breast implant-associated anaplastic large cell lynphoma. Antes de mais nada, vale ressaltar que o BIA-ALCL é muito raro, se comparado com outros tipos de tumor.

 

O que é o linfoma anaplásico de grandes células (BIA-ALCL)

Resumidamente, o BIA-ALCL é uma patologia do grupo dos linfomas não-Hodgkin. Normalmente, este tipo de tumor se origina nos linfonodos, podendo se espalhar para a pele. Vem emergindo como uma doença potencialmente subdiagnosticada, que pode afetar mulheres que fizeram implantes mamários. O linfoma teve maior incidência nas pacientes cuja colocação da prótese se deu, em média, há 10 anos. Entretanto, esses sinais podem aparecer depois de um ano da colocação da prótese de silicone.

 

Por que o câncer acontece

Os estudos ainda não estão claros sobre o que causa esse tipo de linfoma. Entretanto, existem várias hipóteses que variam desde a técnica cirúrgica escolhida até o material utilizado. Alguns estudos associam a fisiopatologia a uma inflamação crônica por infecções indolentes e subclínicas, levando à transformação maligna das células T.

Por outro lado, a empresa Allergan anunciou em 2019 a retirada do mercado em nível mundial, das próteses mamárias texturizadas e expansores de tecido BIOCELL®. Isso aconteceu após a FDA, agência que regula remédios e dispositivos médicos nos Estados Unidos, apresentar dados relacionando esses implantes ao aumento no risco do BIA-ALCL.

 

Como é feito o diagnóstico

Os sintomas do BIA-ALCL são semelhantes aos de câncer de mama. Normalmente, ele se apresenta como um inchaço persistente ou dor na região da mama. Sua localização é próxima ao implante, sendo ele muitas vezes percebido como um nódulo aderido ao silicone.

Por outro lado, assim como os demais tipos de câncer localizados na mama, o tumor pode começar a se desenvolver sem sintomas. Por isso, durante as consultas de retorno pós-operatório ou em uma revisão clínica habitual, o médico poderá solicitar a realização de exames. Entre esses exames estão o ultrassom de mamas, a mamografia e, caso haja suspeita da doença, uma biópsia poderá ser solicitada.

 

Como é o tratamento

A boa notícia para quem tem o diagnóstico é que este tipo de neoplasia costuma apresentar boas respostas ao tratamento. O tratamento também é relativamente simples, embora uma detecção precoce aumente as chances de sobrevida.

Geralmente, não é necessária a realização de quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia. Após o diagnóstico, o tratamento inicial nos casos localizados é a retirada da prótese juntamente com o tumor. Assim, apenas em casos de linfoma disseminados, ou em uma recaída (o que é raro) faz-se uso de medicamentos, normalmente quimioterápicos.

 

“Tenho prótese de silicone, e agora?”

Mulheres que colocaram silicone, independente da motivação, não têm motivo para pânico. Ainda assim, salientamos que é válido conversar com o médico responsável pela cirurgia para se informar a respeito do tipo de prótese que utiliza e sanar eventuais dúvidas.

Caso a mulher tenha identificado alguma vermelhidão, inflamação ou úlcera, é preciso fazer uma avaliação para saber qual o diagnóstico. Segundo o comunicado da FDA, caso a paciente não tenha sintomas, ainda que sua prótese seja da Allergan tipo texturizado, a retirada ou troca da prótese não é recomendada por causa dos potenciais riscos.

 

REFERÊNCIAS:
ABRALE (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia). Linfoma raro está associado à prótese de silicone. Setembro, 2019. Acesso em: janeiro, 2020.
Revista SAÚDE. Um tipo de silicone para os seios sairá do mercado por ligação com câncer. Julho, 2019. Acesso em: janeiro, 2020.
FEBRASCO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). “Doutor, prótese de silicone causa câncer?”. Fevereiro, 2018. Acesso em: janeiro, 2020.
SBPC (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica). Cirurgia plástica responsável Dezembro, 2019. Acesso em: janeiro, 2020.
Wecancer. Saiba mais sobre a relação entre o silicone e o câncer de mama. Abril, 2019. Acesso em: janeiro, 2020.

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