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Diagnóstico de Câncer e Depressão – O que vem primeiro?

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Hoje em dia fala-se muito no quanto questões emocionais podem desencadear processos neoplásicos.

Mas será que mágoas, sentimentos guardados e alterações do humor, poderiam mesmo ser a causa de algumas neoplasias as quais não achamos motivos óbvios?  (como mutações, história familiar, tabagismo…)

Este é o tipo de comprovação científica que fica difícil de se fazer, porém, muitas vezes na prática clínica, escutam-se familiares e pacientes relacionando o despertar de certas doenças com momentos de perda e ansiedade, por exemplo.

Durante o acompanhamento e tratamento, percebe-se que quadros depressivos aparecem com frequência e certas vezes,  é um desafio para o médico oncologista diferenciar o que faz parte de uma situação de tristeza “normal”, inerente a uma fase complicada da vida e o que caracteriza quadro instalado de depressão, que necessita ser tratado.

Mas como os estudos poderiam mostrar que o câncer e mente estão realmente conectados?

Artigo publicado em abril deste ano na revista Jama Oncology relata dados de um estudo Sueco que avaliou pacientes entre 2001 e 2010, incluiu 304.118 pessoas com câncer  em tratamento e  3.041.174 indivíduos com diagnóstico de câncer porém livres de doença no momento. Concluiu que as desordens mentais (como depressão, ansiedade, stress e outros transtornos) aumentam sua incidência já em 10 meses antes do diagnóstico, atingem seu ponto alto na primeira semana após o diagnóstico, e depois declinam, porém podem estar presentes ainda dez anos após.  Confirma então que a classe médica deve estar atenta para avaliação de quadros depressivos já na primeira consulta – enfatizando a necessidade de por vezes referenciar estes pacientes para acompanhamento especializado, com psicoterapia e psiquiatria em conjunto.

As medidas sociais devem ser implementadas sempre. O Paciente com Câncer sente-se estigmatizado e o isolamento social pode ser pior para todo o quadro que está passando. Apoio familiar é essencial. Alguns estudos falam também do benefício da prática de atividades físicas como um complemento no tratamento.

Enfim, é complicado avaliar ao certo o quanto a mente pode influenciar no resto do corpo, mas é fundamental que tenhamos percepção de que esta relação existe e que não se pode fechar os olhos para aspecto emocional, estar focado apenas na medicina técnica e nos cálculos das doses de quimioterapia. Ser oncologista é olhar além dos olhos, dividir as tristezas e comemorar as vitórias do tratamento. Estar pronto para lidar com esses pacientes fragilizados deve ser algo corriqueiro para nós. E claro, equipe multidisciplinar, sempre.

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