[vc_row][vc_column][vc_column_text]Estivemos em Chicago no início do mês para o congresso mundial de oncologia que acontece todos os anos e traremos aqui atualizações importantes e informações de grande valor.
Um dos temas relevantes foi a “biópsia líquida” – um teste relativamente fácil de ser feito – e que para nós, médicos, traz muitas informações.
A realização do mesma é feita através de um exame de sangue simples, coletado em cerca de 3 minutos. Com o resultado, poderemos saber muitos detalhes sobre a genética das neoplasias localizadas dentro dos órgãos do nosso corpo. Esse exame mede fragmentos de DNA liberados pelos tumores, que vazam para corrente sanguínea e nestes fragmentos podemos fazer análises mais detalhadas. A vantagem principal é a possibilidade de nos ajudar a detectar mutações específicas e resistência medicamentosa (saber qual a melhor opção de medicação para os pacientes).
Já fazemos há tempo essas análises genéticas, mas geralmente é necessário uma biópsia do próprio tumor.
O procedimento muitas vezes sai caro, requer hospitalização e às vezes torna-se inviável pela localização dos tumores. Tecido tumoral para análise é sempre uma questão importante, e nós, gostamos de saber “nome e sobrenome” do tumor. Melhor análise=melhor tratamento.
Hoje já temos disponível também os chamados marcadores tumorais: como exemplo PSA (para próstata), CEA (principalmente para tumores do aparelho digestivo) e CA 15-3 (para mama). Estes também são simples de coletar (sangue periférico), porém não trazem informações tão detalhadas. A biópsia líquida é ainda mais sensível e pode nos trazer informações também sobre a resposta/resistência aos tratamentos. Estudo publicado no NEJM (revista renomada dentro da medicina) mostrou inclusive a superioridade destes testes em relação a exames de imagem (como tomografias) para câncer de Mama. O número de cópias de DNA circulante reduz quando há resposta terapêutica.
Outra vantagem do método é que possivelmente analisamos o DNA como um todo, e não apenas um pedacinho, como na biópsia tumoral. Poderíamos ter nesse caso um resumo da heterogeneidade dos tumores.
As desvantagens é que existem vários tipos de testes, nem todos disponíveis no Brasil. Mesmo em grandes centros americanos e europeus eles precisam ser validados clinicamente. Precisamos “aprender” e analisar resultados na pratica clínica.
Outra questão importante é que estes testes na maioria das vezes podem revelar mutações específicas que traduzem em indicação das chamadas “drogas -alvo” – medicações que são indicadas em determinados casos em oncologia e que geralmente apresentam custo realmente elevado. O teste é simples e com custo relativamente barato – chegou ao Brasil por 900,00 (disponível apenas para neoplasia de pulmão) – e ainda não tem cobertura por planos de saúde.
Vale salientar que embora seja importante levar em consideração as consequências das informações que o teste pode trazer (indicações de medicações que estão ficando cada vez mais caras), esta é uma preocupação não deve caber a nós, médicos. Queremos padrão ouro para os nossos pacientes e que as pesquisas avancem cada vez mais! É lindo de ver como a medicina evolui, toda essa revolução tecnológica e como podemos sim ter esperança em um futuro melhor.[/vc_column_text][vc_single_image image=”727″ img_size=”full” alignment=”center” onclick=”link_image”][vc_column_text]Referências:
ASCO 2016: Plasma-Based Testing: Ready for prime time? (Melissa Lynne Johnson, MD).
Jornal O Globo: 20/06/2016 – Diagnóstico preciso para tratamento caro: biópsia líquida chega ao país.
NEJM: Analysis of circulating tumor DNA to monitor metastatic breast cancer, publicado em março de 2013.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
Respostas de 3
Gostei muito do que li aqui no seu site.Estou estudando o assunto,Mas quero agradecer por que seu texto foi muito valido. Obrigado 🙂
De nada !
muito bom o seu artigo